quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

A Fortaleza (1992)


é difícil explicar para a geração atual o que exatamente foi a carreira do Christopher Lambert. Com alguns bons filmes esquecidos, o mais famoso deles, Highlander, sem nenhum grande sucesso nos últimos 20 anos e com praticamente a mesma interpretação em todos os filmes. Mesmo assim fez sucesso e seu nome vinha, as vezes, até maior que o título do filme, mas sempre na parte superior do cartaz. Eu não diria que é um ótimo ator, mas simpatizo com ele.


SPOILERS!

A Fortaleza (Fortress, 1992) é um desses filmes que é difícil dizer para que foi feito. Ele conta a história de John Henry Brennick, que foi condenado, junto com sua esposa, por tentar ter mais um filho, num EUA que a lei marcial e controle da população. Ele é mandado para a Fortaleza, uma prisão particular no meio do deserto, onde até seus sonhos são controlados. A maneira usada para manter os prisioneiros na linha é o intestinador. Um aparelho que é engolido e fica alojado no intestino do prisioneiro. Esse aparelho causa dor ou pode até matar, dependendo se o prisioneiro passa pela linha amarela ou a vermelha, e também da vontade do diretor.

O filme, em última análise, é um filme de fuga. Elementos do dia a dia são apresentados, possíveis companheiros e empecilhos ao herói para conseguir escapar e seu antagonista, o diretor da prisão, ou será que há mais? pan pnapna! Sim, há, o diretor da prisão é apenas mais uma vítima, um bebê adotado pela corporação que foi transformado em um ciborgue incapaz de amar, comer, beber ou dormir. Ele é o funcionário perfeito, passou a vida toda na sua sala de controle, mas ele se apaixona pela esposa de Brennick. A fortaleza serve tanto como prisão masculina como feminina, na verdade é até estranho que as alas sejam tão próximas considerando o tamanho dessa prisão subterrânea no meio do deserto.

Karen, a esposa de Brennick cai nas graças de do diretor Poe, o ciborgue. Ela vai usando essa influência para conseguir dados e ajudar seu marido. Brenneck é um ex capitão do exército, o melhor dos boinas pretas, mas perdeu seu pelotão em uma desastrosa missão, se você acha que eu joguei essa informação no meio do texto é exatamente isso que o filme faz, coloca essa informação, sem lá muito cuidado para justificar o quão fodão Brenneck é. Como alguém que quer mudar as coisas, acaba se envolvendo em brigas para salvar um novato e depois se recusa a matar outro prisioneiro ele é lobotomizado. Karen o cura usando a mesma tecnologia de controle de sonhos. A cena é bem piegas e cliché, mas tem seu charme. Essa sequência serve para adiantar o filme para o final de gravidez da Karen, já que Brennick passa meses lobotomizado.

Poe quer se casar com Karen, mesmo que ele seja equipado como um boneco Ken, acho que num lance meio KIng KOng de amor aqui. Uma afeição pueril, seu restinho de humanidade. Ele promete para Karen que ela poderá criar seu próprio filho e que Brennick estará livre. Mas por esses relances de humanidade, o computador que controla a Fortaleza destitui Poe do cargo, e no mesmo momento Brennick começa sua fuga.

A sequência da fuga é o climax do filme, mesmo datado tem seu charme, vai morrendo gente, os companheiros de Brennick vão caindo um a um, mesmo que evidente que estão lá para morrer, os personagens são suficientemente construídos para nos importarmos, mesmo que só um pouquinho com eles. Os caçadores de fugitivos são ciborgues, feitos com os bebês ilegais apreendidos. Seu visual e armamento ficaram legais, nada que já não tinha sido feito antes, mas estamos aqui no início dos anos 90, a moda dos ciborgues estava no fim, mas ainda gerava frutos. O confronto final com Poe é mais triste e patético do que uma sequência de ação. Tinha uma tentativa de simpatia pelo vilão aqui, que nunca teve escolha, mais uma vez, no estilo King Kong, mas não funcionou para mim. Faltou alguma coisa para Poe ser suficiente humano para eu compartilhar do sofrimento dele.

A fuga continua, companheiros vão morrendo, eles usam o um caminhão na fuga, até que se refugiam numa casinha, pouco antes da fronteira. Karen está dondo a luz. Por algum motivo que o filme não explica, a IA do Men-Tel, resolve só agora atacar e matar as pessoas com o caminhão. Se ela tinha o controle do caminhão remotamente o tempo todo por que diabos não desligou bem no meio do deserto na frete da prisão? De qualquer maneira o filme tenta um climax final, que é meio meh. A sequência de ação anterior foi bem melhor. Aqui a luta entre homem e caminhão faz de vitima o novato, aquele que o Brennick passou o filme todo ajudando, e até foi lobotomizado por isso. Brennick luta usando a metralhadora que roubou do ciborgue, e até que em fim fica sem balas, o que é engraçado, porque o cinturação de munição nunca se mexe, ele usa o lança chamas, que detona com o caminhão. O veículo do mal dá sua última investida e bate contra a cabana em que Karen estava dando a luz. Brennick fica desesperado, mas de alguma maneira absurdamente mágica, ela dá a luz sozinha, corre com o bebê no colo para uma proteção distante em pouco mais de 20 segundos.

Brennick é o personagem perfeito, não no bom sentido, ele sabe fazer de tudo, conhece tudo, e o que ele não sabe, Karen sabe, a simbiose dos dóis em compartilharem planos sem ao menos um falar com o outro as vezes atrapalha a crença na trama. Poe é um bom vilão, mas perde valor durante o filme. A sequência final não é tão impressionante como a anterior, o que desacelera o filme na hora errada. Como uma ficção científica de orçamento médio é até interessante. O cenário é legal, o medo da época da perda de identidade e dominação das máquinas é de um saudosismo bacana e mesmo monointerpretativo Christopher Lambert faz um personagem legal.

Mas esse filme cumpre o motivo da postagem, filmes que acontecem em 2017. Sim, mas de uma maneira bastante sutil. O único lugar em que a data 2017 aparece é na sinopse oficial do filme. Não falam no trailer, falam em um dos trailer e no filme não. Durante o filme a única coisa que indica mais ou menos em que futuro estamos é a data de nascimento de Brennick que aparece em um monitor: 28/03/1978.

Vale ver o filme pela data (mais ou menos), pelo saudosismo dos futuros apocalípticos imaginados para o futuro e do medo homem-máquina e a perda da identidade e da liberdade que rondava do final dos anos 80 até o final dos 90.

Existe uma continuação, lançada em 2000 que não tive o prazer (ou desprazer) de ver ainda. Como ela só acontece 7 anos depois, isto é em 2024, tenho bastante tempo para ver. Coincidentemente Highlander II se passa também em 2024.

trailer:


Trailer com 2017 na narração:

Links:
http://www.imdb.com/title/tt0106950/?ref_=nm_flmg_act_61
http://www.seuyoutuber.com/trailer/12088/a-fortaleza-1992.html
https://pt.wikipedia.org/wiki/Fortress_(filme_de_1993)
https://en.wikipedia.org/wiki/Fortress_(1992_film)
https://en.wikipedia.org/wiki/Fortress_2:_Re-Entry

6 comentários:

  1. Ótimo post! Parabéns! Fique a vontade para continuar postando no MEMÓRIA NERD!

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  2. Eta saudosismo. Ótima postagem, filme do dipo desliga o cérebro e se diverte.

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  3. Muito obrigado eu assisti esse filme na epoca em que existia uns cinemas na avenida são joão bem classico mesmo!

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    1. Sci fi baixo orçamento é o que há, abrigado pela visita.

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