domingo, 7 de fevereiro de 2016

A MIsteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nunca Mais

Domingo de de música 6 de 52 - 38 de 366

Se o João Juca Júnior é amigo do Super Homem, o Ronnie Von é amigo do Flash Gordon.

Hoje vivemos na melhor época para ser leitor de quadrinhos. Em praticamente qualquer loja de roupas se acha camisetas com estampas de super heróis, nem é mais costume bater e zuar aquele cara lendo quadrinhos na escola, ele ainda pode apanhar e ser zuado por N outros motivos, mas gostar de heróis não é mais um deles. A coisa cresceu, todos reconhecem pelo menos uma meia dúzia de heróis.

Mas, mesmo na época em que a vida não era tão fácil assim, mesmo nos momentos mais underground dos super heróis, eles causavam infiltrações no imaginário e com isso influência. Eis o exemplo de J.J.J. Amigo do Super Homem. e da primeira faixa do disco mais interessante de Ronnie Von.

Ronnie Von lançou, entre 1968 e 1970, três discos psicodélicos. Não são exatamente aqueles discos que as garotas escutavam na jovem guarda, era um produto de mais experimentação, mais alternativo e artístico. O disco em questão, considerado o melhor dessa fase e o que leva o singelo título de A Misteriosa Luta do Reino de Parassempre Contra o Império de Nuncamais de 1969 e que tem como primeira música De Como Meu Héroi Flash Gordon Irá Levar-Me De Volta À Alpha Do Centauro Meu Verdadeiro Lar que é o nosso assunto musical de hoje.

Deixando a fama de Pequeno Príncipe e seu estilo musical ie ie ie de lado, ele apresenta algo bem mais trabalhado.

Vamos ao review do disco:

 1- De Como Meu Héroi Flash Gordon Irá Levar-Me De Volta À Alpha Do Centauro Meu Verdadeiro Lar. 
A musicalidade é boa, não muito diferente do seus outros trabalhos,está bem tocado e composto. A parte mais interessante fica para o vocal bem recortado e a letra bastante incomum. Um monte de elementos de ficção científicas jogados e um pedido para o Flash Gordon o resgate desse planeta confuso cheio de heróis de papel. Faz bastante sentido esse sintoma de escapismo com a desesperança geral que foi o fim dos anos 60.

2- Dindi.
Essa já tem mais elementos psicodélicos, e mais uma letra escapista e uma reviravolta no meio bastante incomum.

3- Pare de Sonhar com as Estrelas Distantes.
Se as duas primeiras faixas são escapistas essa é exatamente o contrário, o cantor diz para alguém que pare de sonhar com as estrelas. Muitos instrumentos compõem uma boa melodia nessa faixa.

4- Onde Foi (Morning Girl) 
Mais uma tradução/versão brasileira/cover, de The Lettermen

5- Ma Charrie Amour
Um cover de Stevie Wonder, na verdade uma versão brasileira.

6- Atlântida: E voltamos a psicodelia e ao escapismo. Começa com uma narração de como era a Atlântida e uma música de piano ao fundo. A narração é muito louca e bem no estilo new age e fantástico da época. Então um repique de bateria e o refrão, então eo refrão e o refrão. gostei bastante dessa, por hora é a minha segunda preferida, depois daquela sobre o Flash Gordon.

7- Por quem sonha Ana Maria. Essa é mais animada, se não fosse pela batida tão característica da época dava pra passar por uma música do tipo Los Hermanos ou outra dessas bandas genéricas da Nova Brasil FM. O problema de fuçar é que se descobre que as inovações e os alternativos não são tão inovadores e alternativos assim. Letra e música bastante psicodélicas. Lembra que eu acabei de falar que lembra as bandas tipo Los Hermanos, mas essa música é bem mais legal, bem trabalhada.

8- Mares de Areia. Uma marcha sobre estar perdido no espaço, o amor e o espaço. E é claro, navegar por mares de areia procurando sereias de mistérios. Letra bem louca essa, deve ter sido um escândalo na época, mas acho que esse disco nem tchum na época. A melodia tem um lance marchinha e um monte de instrumentos, bem legal.

9- Regina e o Mar. 
E buscar a Regina sozinha no meio do mar, uma faixa legal, instrumental bem legal, mas parece bem mais normal que algumas outras aí.

10- Foi Bom
O Sol, a Lua e foi bom, foi bom amar. A lua se mudar daqui e tal. Tem triste fim, instrumental trabalhado e é como a faixa 7. E da metade pro fim, futurismo e uma puxada mais psicodélica. 

11- Rose Ann
A única música em inglês, e em francês e depois em português. A música mais irregular do disco, com cortes na melodia e duas línguas.  

12- Comecei uma Brincadeira.
Mais uma versão, no caso de A Started a Joke do Bee Gees.  

Com um instrumental bem mais trabalhado que o habitual e inovações o disco é bem interessante, é claro, ele não soa experimental como um Frank Zappa, mas para a época e o momento nacional é bem interessante. O escapismo marca o disco todo. 

Infelizmente o disco não está no Spotify, mas nada que o Youtube não resolva:


Links:
http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2013/08/1324422-discos-da-fase-psicodelica-de-ronnie-von-sao-relancados-como-cult-e-experimentais.shtml 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ronnie_Von

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