domingo, 5 de janeiro de 2014
A terra mágica do Paraguai
Quem foi criança nos anos 80 acreditava em uma terra mágica, lá tinha de tudo, coisas maravilhosas que funcionavam à pilha, produtos com preços compráveis, eletrônicos que faziam milagres e vídeo games só vistos em filmes e documentários sobre o Japão. Esta terra era o Paraguai.
Obviamente este texto não é sobre a Guerra do Paraguai ou o estado atual da política paraguaia. É sobre a minha, e acredito, de muita gente, sobre o que era o Paraguai antes das aberturas das importações e o era dos 1,99. Alienado? Provavelmente. Não negarei mais que nasci e fui criado na cultura POP.
Antes de 1990 eram raros os produtos importados em lojas, o que se tinha era um atravessador, um cara, todo mundo conhecia um desses, era um pai de família, tinha emprego regular, algum sangue frio e gosto por viajar, ou as vezes só levado pela necessidade fazia o que precisava fazer. O atravessador ia periodicamente para o Paraguai, trazia encomendas, algumas coisas pra tentar vender e, as vezes só trazia histórias tristes, se o pegassem e apreendessem suas mercadorias. Não se tinha muito contato com o atravessador durante a viagem, era tudo ou nada. Os pais encomendavam os produtos do Paraguai para o natal, ficavam esperando e torcendo, mas já prontos pra comprar aquele outro presente caso o atravessador fosse pra cadeia ou tivesse a mercadoria apreendida. Era um tipo de aposta. Para entender mais dessa parte de economia
Se o atravessador tivesse filhos, estes teriam os brinquedos mais legais do bairro, coisas diferentes que iam pilha, se fosse menino teria coleção de carrinhos de ferro fabricados na China. Se fosse menina, bom, não sei bem, não me lembro o que as meninas tinham do Paraguai naquela época. (as canetas de 10 cores perfumadas são posteriores a isso [eu acho]).
No imaginário popular existia o MADE IN PARAGUAY, acredito que isso foi popularizado pelos trapalhões, pelo menos me lembro dessas piadas, mesmo que nunca ninguém tivesse visto MADE IN PARAGUAY em nada vindo do Paraguai era como as pessoas se referiam ao contrabando, e muitas vezes até acreditavam nisso. O whisky paraguaia também ocupava espaço no imaginário popular.
Os atravessadores que conheci na minha infância era um vizinho e uma tia.
Coisas que eu tive que vieram escondidas na mala de alguém: carrinhos de metal (daqueles que abriam portas e capô), pistolas espaciais com luz e som, robô de corda, um teclado da Cassio e um autorama, tive outros brinquedos vindos das terras mágicas do Paraguai, mas esses foram os mais importantes.
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