domingo, 24 de julho de 2011

É ficção sim!


Os fatos são esses:

1- Escutei que a ficção, principalmente a ficção científica é para pessoas preguiçosas que não querem aprender sobre o mundo real.

2- Passei a vida toda escutando: "eu não gosto de histórias fantasiosas, só de histórias reais."

3- Já escutei de muita gente que eu não cresci por gostar de ficção.


Nota: uso a palavra FICÇÃO no seu sentido amplo e não como sinônimo de ficção científica.

Eu adoro ficção, desde criança, desde que me lembro. (bom desde criança vale para todo mundo, se você virou um chato que não gosta de nada fantasioso tenho certeza que não era assim na infância [e sinto por você.]). Cresci e me dei conta de quão grande e complexo essa coisa chamada ficção é, descobri as hqs aos 11 anos de idade, também na mesma época Jornada nas Estrelas. Então em uma época que a maioria das crianças começa a sair da ficção eu mergulhei de cabeça.

Claro que essa noção de ficção que disse acima não veio nessa idade de pivete, e sim, muito tempo depois. E com essa descoberta percebi o quanto eu necessito de ficção. Em 2007 minha vida estava uma bagunça, pouca coisa nessa época estava indo para onde eu gostaria (não vou entrar em detalhe aqui, se você entendeu o sentimento geral já está ótimo) e o que me alegrava naquele tempo era ver seriados, ler livros e quadrinhos e quando dava tempo horas de video game. Foi então que percebi o que  notei o que todas essas atividades tinham em comum: Eram histórias ficcionais.

 Julguei meu comportamento como coisa de idiota por um tempo. Até conhecer um tal de Joseph Campbell e começar a entender que a ficção e o mito do herói eram a mesma coisa. Eu não sou um idiota, eu sou humano e preciso do referencial ficcional como todo mundo. O herói como exemplo e inspiração vale para todo mundo.

Ma ai você pergunta: E as pessoas que não gostam de ficção, ou melhor, aquelas que odeiam, que julgam apenas a realidade útil e necessária. Essas pessoas absorvem ficção e se emocionam com o que se identificam, só que chamam de outro nome, acham que é de verdade ou precisam/querem achar que é de verdade.

Assiste lá seus comerciais sem perceber que aquele cara dirigindo o carro funciona de alguma maneira como o herói da histórinha de 30 segundos. Assiste ao Datena (ou qualquer outro que o valha) sem perceber que o apresentador transforma-se no herói que julga e pune os bandidos, diz palavras de ordem e comanda seu poderoso helicóptero caçando criminosos. Parece de verdade, o crime é de verdade, todo o resto é só mais ficção. Ai muda de canal e assiste ao reporter do Fantástico fazer uma viagem hercúlea pelo gelo para caçar a tal famosa e fantástica aurora boreal. O repórter/herói cruza o gelo, luta contra a natureza, encontra cavernas escondidas, ganha conhecimentos secretos e equipamentos que o ajudam nessa jornada e no final regressa com o prêmio para mostrar e tornar a vida de todos os espectadores melhor.   O que isso parece? A Jornada do Herói oras, a síntese de todas as aventuras. Foi por acaso que a reportagem foi assim? Claro que não! Foi editada assim, foi criada assim. Aurora boreal podem ser vistas de vários lugares, inclusive de várias varandas de hotéis da região. Isto é, sem caverna, nem descoberta, sem arriscar a vida. É pegar um avião, pagar a diária e sentar a bunda num banco com seu chocolate quente e assistir a tal aurora boreal. E para acabar de destruir sua frágil realidade vamos ao concurso de Miss Brasil que aconteceu ontem (e acontece todo maldito ano). Nesse concurso garotas são testadas em categorias idiotas aonde são exigidas respostas idiotas e medidas idiotas e o meu preferido: O comportamento intocável de uma miss, são puras, donzelas e bla bla bla! Elas tem que seguir padrões rígidos de beleza e comportamento, maquiagem, figurino e respostas ensaiadas. A coisa é tão, mas tão engessada que n o fim eu nem sabia dizer quem é quem, todas ficam com a mesma cara. Isso parece realidade para você? para mim é ficção, um conto de fadas for dummies.

Existem muitos outros exemplos de ficção vendida como realidade, inteiramento ou parcialmente, divirtam-se pensando nisso crianças.

Um comentário:

  1. Bom... vou desenterrar esse tópico apenas pra dizer que concordo com tudo. No meu caso, descobri os quadrinhos aos 4 anos, e hoje, depois de 35 anos ainda estou mergulhado neles.
    Abraços.

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