sexta-feira, 11 de julho de 2014

Block e tudo o mais


Se eu fosse um artista de verdade poderia definir esse momento, de uns 2 meses, que passo como bloqueio. Como não sou, na melhor das hipóteses apenas um metido a besta com algumas competências chamarei essa fase de frescura.

O que se faz quando se está travado? Primeira reação é tentar empurrar, não vai, aí você volta e tenta refazer o caminho até ali e ver aonde que a bagaça descarrilhou, onde o zíper prendeu ou qualquer metáfora do tipo que você prefira.

Foi o que fiz. Comecei perdendo o sono, depois de dormir as 4 da manhã acordei as 7:40. Aí vem aquela tentativa vã de dormir de novo (sei, coisa de vagabundo, mas ainda estou de férias [por mais hoje pelo menos]). O que não resultou em sono, mas em um review. No caso, da minha vida. A conclusão: Sou um terrível idiota em que consiste na tomada de decisões.

Não me entenda mal, eu não me julgo incapaz ou burro, tampouco julgo ter uma vida ruim ou difícil, bem pelo contrário, mas no que compete a tomada de decisões importantes, nisso eu sou burro pra caralho.

Evidências: Tenho quase 35 anos, quase uma segunda faculdade (faltam 3 meses e 5 meses, respectivamente) e só. Tá, tenho um emprego, o mesmo que tenho nos últimos 9 anos. Não que eu não goste dele, só esperava algo mais de mim mesmo, na verdade muito mais. A vida pessoal é tão boa e estagnada como a minha vida profissional, e cheia de decisões de JENEO! (JENEO é tipo gênio, mas no Mundo Bizarro).

Essa foi a primeira parte, a segunda foi fuçar no Twitter.

Voltei todos os post que o Twitter me permitiu, cheguei a fevereiro de 2013.

O que aprendi com isso? Inesperadamente que eu sou uma pessoa melhor do que era. Mais de um ano atrás eu estava com raiva, não necessariamente de algo específico, só de saco cheio de um monte de coisas, a minha vida era uma delas, hipocrisia era outra, estagnação social principalmente, e é claro, as ideias tortas sobre direitos.

Alguma coisa mudou? Não, não de verdade, as coisas todas estão por aí. Eu passei a gostar dessas coisas? Também não, e muito menos de ser indiferente a elas. ~Só não sinto mais raiva, não culpo mais o interlocutor por repetir o discurso que aprendeu e nunca pensou muito a respeito dele. Pessoas são incríveis, mesmo quando estão sendo incrivelmente babacas e chamando todo mundo que discorda delas de marginal, louco, coxinha ou reacionário (escolha de acordo com a situação). Mas é bom escolher com cuidado com quem convive de verdade e quem só se observa.

Em outras palavras, eu reclamava muito e eu era bem mais solitário.

Mas os twittes sobre como O Perueiro perueira são engraçados.
(se eu tivesse com saco voltava lá e fazia uma coletânea, mas fica pra outro dia).

Lembrei que eu gosto de Naked Eyes (é, estou particularmente me expondo hoje, até ao ponto de admitir isso). O que gerou o post de ontem do #365POP. É é de ontem, mas é de hoje. (roubei tá? Me processe!).

Outra coisa que percebi é a quantidade de projetos deixados pela metade. Eu dizia no Twitter que estava trabalhando em um texto ou desenho (ou qualquer coisa do tipo) e não tenho nem ideia de onde essas coisas estão agora. Outros projetos estão abandonados (ou encerrados se preferir) por motivos de que eram uma grande merda. Outros, como o Fantasma Pessoal, que eu retomei umas 5 ou 6 vezes desde que encerrei a coisa toda em 2011(na verdade parei em 2009 e fiz meia dúzia de tirinhas depois disso), estão encerrados de verdade. O Fantasma Pessoal não é uma grande merda, é ate engraçado. Mas não sou mais quem eu era, não tenho mais aquela raiva toda.

E tudo o mais.

Terminei de ler O Salmão da Dúvida (vantagens da insônia).  Uma coletânea de textos e obras inacabadas de Douglas Adams. É interessante ler que um grande escritor como Douglas Adams passava mais tempo se odiando por não conseguir escrever do que realmente escrevendo. Aquela coisa da mágica do artista que sente na frente do (complete com qualquer coisa que escreva) e faz um livro/obra do nada não existe. É legal perceber que Adams teve um bloqueio de quase 10 anos. E tudo que ele fez nesse período. O livro é engraçado, não poderia ser diferente, e triste, também não poderia ser diferente. O grande motivo para ser tão triste é que nas entrevistas de 2000 Adams dizia que estava cheio de ideias e voltaria a escrever, e então ele morre em 2001, aos 49 anos.

Basicamente falando de artistas ingleses que morreram prematuramente Naked Eyes

Always Something There To Remind Me .





3 comentários:

  1. Adorei o texto.
    Muito legal esses momentos de passar a limpo algumas coisas. Rever antigos escritos e perceber como mudamos. Afinal as coisas mudam, as pessoas mudam. E isso é bom.
    Bloqueios acontecem, mas as vezes parece que são necessário memso. Até pra podermos parar para pensar e repensar em todas essas coisas...

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  2. Muito importante parar (o que é raro nessa sociedade cada vez mais rápida) e refletir sobre a vida. Os sentimentos mais variados surgem, mas normalmente são de tristeza.
    O texto passou bem o seu sentimento, e acredite: é um sentimento de muitas pessoas.

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    Respostas
    1. Obrigado, ainda bem que esse block já se foi faz um tempo.

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