sábado, 21 de janeiro de 2017

Unicorn City


Uma coisa aconteceu, um tipo de revolução, nós os esquisitos sociais não somos mais os únicos a gostar das coisas legais, como RPGs, Sci Fi, Literatura de fantasia, hqs e outras coisas do tipo.

Os filmes de Super heróis são as maiores bilheterias, os mais comentados, amados e odiados, os filmes de games são os mais odiados, e todo mundo espera que um dia alguém faça um filme sobre game que as pessoas possam amar. Fica a sugestão, Sokoban daria um ótimo filme.

Mas o RPG vem correndo ainda por trás, de todas essas formas de nerdice sem dúvida é a mais complicada, a que toma mais tempo dos participantes e a mais difícil de explicar numa festa. Claro, vivemos em tempos modernos em que jogadores de RPG dão festas (e as pessoas vem, além do seu grupo de jogo) e eles são convidados para festas, pelo menos aqueles que não insistem em passar o tempo todo da festa tentando explicar o que RPG.

E mesmo o filho mais feio tem seu lugar ao sol. Filmes sobre RPG são relativamente frequentes. Não estão no cinema, não tentam adaptar universos (quando tentam falham miseravelmente, né D&D?) Mas, falam dos jogadores, Gamers () abriu uma porta que nunca mais foi fechada. Filmes indie de baixo orçamento, mas não por isso ruins, e Unicorn City é um ótimo exemplo deles.

Unicorn City (2012) conta  a história de Voss,(Devin McGinn) um jogador de RPG, fracassado na vida e tão auto centrado nos seus problemas que não percebe o que tem, é um babaca. Seu melhor amigo,  Clancy (Matt Mattson), que é tratado como capacho o tempo todo. Voss joga com um grupo de pessoas,  eles se autodenominam The Guild, (nenhuma relação com a outra The Guild) O jogo é mestrado por um mestre arrogante e controlador chamado Shadowhawk, esse cara será o antagonista da história. A vida de Voss é ruim, mais ou menos, ele não percebe o que tem, Marsha (Jaclyn Hales) é apaixonada por ele, mas ele não percebe, só fica pedindo favores idiotas para ela. Marsha, por sua vez, sofre de uma grande crise de ansiedade e só é capaz de falar de seus sentimentos a partir de suas personagens. Já deu pra perceber que cada personagem aqui tem uma jornada a cumprir, e unicorn City é exatamente isso, um filme de jornada.

As coisas começam a acontecer quando Voss se candidata para um emprego na Walrkocks of The Beach (a versão fictícia de Wizards of the Coast) e ele está empatado com outros concorrentes para a vaga, ele teria que se mudar para longe, mas isso não é um problema, não por enquanto. O diferencial que o entrevistador coloca para ele é: Seja um líder, organize algo na sua vida que você está no comando de um grupo de pessoas.

Daqui em diante SPOILERS!

Primeiro ele tenta assumir a Guild, mas falha, num duelo de seu pj contra um dragão, pela liderança, ele morre miseravelmente com uma falha crítica. Então ele tem a sua grande ideia, vai criar uma sociedade utópica em um terreno baldio, ele a chama de Unicorn City, chama seus amigos e convida a qualquer um que queira viver lá, a regra é que vivam de acordo com seus personagens, é um mundo livre para jogadores de RPG. Ele não revela seu real motivo, só Clancy e Marsha sabem de suas reais intenções. 

Clancy, numa missão para Voss, enfia seu pé em um buraco em um parque, tentando recuperar seu chinelo que caiu ali, acha sua espada, na verdade é um cano de PVC que parece uma espada, mas é suficiente para ele, essa espada é tomada por Voss, que é um babaca. Isso parece irrelevante agora, mas terá seu desfecho. 

Aqui que a maior parte do filme se desenrola, a luta contra as adversidades, escondendo-se da polícia e as piadas com os personagens, o centauro com bunda de carrinho de cooler é ótima. Shadowhawk invade, sabota, ganha a liderança com comida, Clancy e Voss brigam, por Voss ser um babaca. Para recuperar a liderança, Voss o desafia para um duelo, repetindo o feito anterior, ele aceita, mas como ele foi desafiado, pode escolher as armas, escolhe uma luta de palavras, de charadas no caso.

Voss perde feio o primeiro round de charadas e perde mais feio ainda a rodada de piadas Your Mama...

Desesperado usa sua espada de cano de pvc, Marsha o impede de fazer uma besteira, mas é atingida pela espada no rosto. Ele é expulso. Clancy o abandona para entrar para o exército e ganhar uma espada. A última coisa que Clancy faz é dar um conselho para Voss "Ela gosta de você, seu retardado." Sozinho, arruinado e sem amigos, Voss tenta recuperar seu acampamento, mas chegando percebe que a polícia está lá. A terra está contaminada e todos devem sair. Shadowhawk cria caso e um desentendimento começa. Voss salva Marsha de um taser, lidera seu povo contra a polícia, só para dar de cara com os reforços e todos acabam presos. Menos Shadowhawk que já tinha fugido. 

O juiz sentencia a todos em 800 horas de trabalhos comunitários que devem ser gastos recriando Unicorn City como uma atividade para crianças no parque municipal. E diz "Se eu puder ser o rei, diminuo a sentença de vocês para 700 horas;" 

Voss consegue o emprego, mas o recusa, ele descobriu o que tinha, amigos e a Marsha, todo que ele precisava, menos o emprego, estava sempre ali, perto dele, Marsha consegue se declarar para Voss, e Clancy está no exército, num acampamento em algum deserto, ele recebe um pacote, nele uma  carta e a espada de PVC. 

Todos aprenderam suas lições, Voss dá valor aos amigos e deixa de ser babaca, Marsha vence sua ansiedade e timidez e Clancy consegue sua independência e fazer algo de sua vida. 

O filme é bastante divertido para quem joga RPG e pra quem não conhece é só um filme de jornada com muitas piadas sem graça. Para jogadores que se levam a sério demais não recomendo o filme, vão achar ofensivo, na verdade recomendo, talvez aprendam alguma coisa. A trilha sonora é uma coisa a parte, que merece um post só pra ela, com muitas bandas independentes e músicas sobre RPG. Não é um filme perfeito, ele se perde as vezes, e Voss, algumas vezes está acima da simpatia do espectador, as vezes ele é só babaca demais. Marsha é um ponto alto, não é possível não gostar dela. Clancy merecia mais tempo de tela e mais falas. Todos os personagens têm suas esquisitices, o que ajuda muito, e é típico do cinema indie. 

Legendas só no esquema de pegar em inglês e rolar uma tradução automática.

Trailer: 

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