Se você tem mais de trinta este é um texto triste.
A Estrela, que reinou absoluta da década de 40 até o início dos anos 90, que inovou em brinquedos no Brasil, inventando um monte de coisas e trazendo para cá coisas como o Simon, chamado aqui de Genius, Gijo (comandos em Ação/ Falcon), Barbie, Monopoly (Banco Imobiliário) entre tantos outros. A Estrela que tinha uma fábrica gigante que hoje está caindo aos pedaços, em seu maior momento chegou a ter 7000 funcionários e tinha aquele momento solene do comercial dos lançamentos, que as crianças nem piscavam, e hoje é só uma importadora de brinquedos chineses e vende itens genéricos, cópias dos próprios produtos que trouxe para o Brasil.
Meados dos anos 90, a época da cagada.
A Estrela foi resoluta por muito tempo, mas com a abertura das importações no Brasil a coisa toda começou a ruir e perder força. A estrela estava acostumada com um Brasil fechado par as importações, tudo era feito aqui. Seus concorrentes não chegavam nem perto do seu tamanho colossal de 7000 funcionários e, além disso, a estrela mantinha as principais licenças de produção. Playmobill, Gijoe, Barbie e jogos famosos, tudo aqui era estrela.
Mas ficou mal acostumada, um dinossaurão lento e sonolento, reuniões gigantes para decidir a cor do vestido da Barbie, e a concorrência chinesa mordendo os calcanhares.
Pra quem não estava no mundo nos anos 90 a coisa foi mais ou menos assim. Brinquedos eram absurdamente caros, absurdamente mesmo, além do mercado brasileiro não ter concorrência externa ainda por toda a década de 80 aconteceu a crise do petróleo, o que fez os preços dos plásticos dispararem. Então, numa canetada em 1991 abriu-se as importações. Os primeiros a sentirem a porrada foram os tios que contrabandeavam do Paraguai. Agora em qualquer papelaria, camelô e lojas difíceis de definir tinham os mesmos produtos que eles traziam, os seguintes a sentir foram as crianças, e seus pais, que de uma hora pra outra tinham a disposição milhares de opções muito baratas. E a terceira foi a indústria de brinquedos brasileira. Algumas passaram a importar, outras foram fazer embalagens e outras, como a Estrela, não conseguiram se mover a tempo.
Outro problema é que a Estrela não queria de jeito nenhum entrar no mercado de games, e do final dos anos 80 até meados dos 90 foi o que manteve muita gente ganhando muito dinheiro. Como a Tectoy, que só existiu por erros da Estrela em não vender games no Brasil.
A Estrela só reagiu aos games em 1993, quando junto da Gradiente para fabricar e vender Super Nintendos no Brasil. A coisa durou pouco, mais ou menos 2 anos, então a Estrela vendeu sua parte para a Gradiente.
Em 1996 Adler, da familia fundadora deixa o comando.
Em 2001, um resquício de memória, um Museu de brinquedos da Estrela foi criado, que fechou em 2006.
Hoje é só uma marca, uma sombra, importa e vende cópias dos produtos dos quais ela não tem mais licença, só bota os nomes com os quais batizou os brinquedos que trouxe para cá nas décadas anteriores ganhando algum dinheiro em cima de tias e avós desavisadas.
Triste fim. Entropia é foda, tudo acaba.
Aqui matéria sobre a fábrica e fotos dela hoje.
Texto da Exame de 1996 falando do começo do fim da Estrela (pelo menos como nós a conhecemos).
http://www.estrela.com.br/sobre-a-estrela/historia/
http://mundodasmarcas.blogspot.com.br/2006/06/estrela-um-mundo-de-encanto.html
http://playvender.blogspot.com.br/2014/10/historia-da-estrela.html
http://anacaldatto.blogspot.com.br/2011/08/extinto-museu-dos-brinquedos-estrelas.html
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u18729.shtml
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